A estabilidade institucional é um dos pilares mais importantes para o crescimento econômico e o fortalecimento do ambiente de negócios. Sem regras claras e previsíveis, empresas, investidores e até o próprio Estado enfrentam obstáculos que comprometem o desenvolvimento sustentável. No Brasil, essa realidade ainda está distante do ideal, e estudos recentes evidenciam um cenário que exige atenção imediata. A previsibilidade nas decisões judiciais, a coerência legislativa e a clareza das normas são peças-chave para destravar o potencial econômico e social do país.
A pesquisa mais recente sobre o ambiente regulatório nacional revelou dados preocupantes: um índice abaixo da metade da pontuação máxima, refletindo o impacto direto da instabilidade jurídica na confiança dos agentes econômicos. Empresas, sobretudo as que operam em setores estratégicos, apontam que a insegurança quanto à aplicação das leis inviabiliza o planejamento de longo prazo. Esse dado é alarmante porque demonstra que, em vez de focarem na inovação e no crescimento, as organizações precisam desviar recursos para se proteger de mudanças abruptas e interpretações conflitantes.
Um dos fatores que mais contribuem para esse cenário é a elevada quantidade de normas editadas a cada ano, muitas vezes sem a devida harmonização entre diferentes esferas de governo. Desde a promulgação da Constituição de 1988, milhões de normas foram criadas, alteradas ou revogadas, gerando sobreposição de regras e contradições que confundem tanto empresas quanto cidadãos. A ausência de regulamentação em dispositivos constitucionais e a frequência de decisões judiciais invalidando leis reforçam a percepção de que o ordenamento jurídico brasileiro é fragmentado e volátil.
As consequências dessa realidade são sentidas no dia a dia das organizações. Líderes empresariais relatam que mudanças repentinas nas regras do jogo dificultam a execução de estratégias de expansão e inibem investimentos de alto impacto. Essa imprevisibilidade acaba afastando investidores estrangeiros e reduzindo a competitividade nacional, já que outros países conseguem oferecer um cenário jurídico mais sólido e atraente para o capital de longo prazo. Em termos práticos, a instabilidade se traduz em custos mais altos e crescimento mais lento.
No entanto, o desafio não está apenas no excesso de leis ou na falta de clareza legislativa. A própria tramitação de projetos e a interpretação das normas precisam ser aprimoradas. Casos em que leis são rapidamente questionadas e posteriormente derrubadas geram insegurança não apenas para as empresas, mas também para os cidadãos e para o próprio Estado. Quando grande parte das normas é declarada inconstitucional, a mensagem transmitida ao mercado é a de que não há garantias sólidas sobre a permanência das regras vigentes.
Por outro lado, esse quadro crítico também representa uma oportunidade única. Um movimento coordenado entre empresas, governos e sociedade civil pode reverter essa tendência. Iniciativas voltadas ao fortalecimento da previsibilidade legal e regulatória têm potencial para transformar o Brasil em um polo mais competitivo, atraindo investimentos, estimulando a inovação e gerando empregos de qualidade. A confiança nas instituições é um ativo que, uma vez consolidado, multiplica as possibilidades de crescimento econômico.
Para alcançar esse objetivo, é fundamental estabelecer uma agenda de reformas e ações estratégicas que promovam estabilidade e clareza no sistema normativo. Isso envolve desde a revisão e simplificação das leis existentes até o fortalecimento de mecanismos de controle e transparência. A digitalização de processos e a adoção de ferramentas de análise legislativa também podem contribuir para maior eficiência e previsibilidade. A cooperação entre os poderes da República e o setor produtivo será determinante para garantir que mudanças estruturais sejam implementadas com consistência.
O momento de agir é agora. A construção de um ambiente mais confiável e estável exige compromisso coletivo e visão de longo prazo. Ao unir forças, diferentes setores podem impulsionar um novo ciclo de desenvolvimento, no qual a confiança institucional seja o alicerce para investimentos, inovação e crescimento social. Essa é uma missão que transcende interesses individuais e que, se bem conduzida, pode reposicionar o Brasil como protagonista no cenário econômico global.
Autor: Liam Smith