Na manhã desta quinta-feira, dia 24 de outubro, o Rio de Janeiro recebeu a cerimônia de abertura do décimo encontro internacional da advocacia que tem por objetivo aprofundar debates sobre governança internacional, sustentabilidade e integração jurídica. O evento, promovido pelo bloco econômico e jurídico dos países do Sul Global, reuniu autoridades dos três poderes, representantes acadêmicos e instituições de diversos países para discutir os desafios globais relacionados à justiça e ao desenvolvimento.
Durante a abertura, a presidente da seccional fluminense da ordem dos advogados esteve ao lado de lideranças nacionais e internacionais, destacando a relevância do encontro sediado no Brasil. A representante ressaltou o orgulho da advocacia local por abrigar delegações de países com tradições jurídicas diversas e por promover o diálogo entre sistemas distintos. O ambiente institucional reforçou o compromisso com o Estado Democrático de Direito, as liberdades individuais e a construção de uma ordem internacional mais cooperativa.
O tema central das discussões foi “Fortalecendo a cooperação do Sul Global por uma governança mais inclusiva e sustentável”, sob o qual foram organizados painéis que abordaram assuntos como investimentos estrangeiros, direito corporativo, tecnologia aplicada à justiça, ensino jurídico e direitos humanos. Essa escolha temática evidencia o movimento da advocacia em responder às dinâmicas contemporâneas: mudanças climáticas, fluxos econômicos multilaterais, tensões regionais e o impacto da inovação nos sistemas de justiça.
Em suas intervenções, os organizadores ressaltaram que a harmonização jurídica entre os países participantes é uma condição fundamental para que as relações econômicas e sociais funcionem com previsibilidade e segurança. Um dos palestrantes destacou que sem integração normativa não há mercado estável nem justiça eficaz. Este reconhecimento abre caminho para que o direito passe de instrumento reativo a agente ativo na governança global dos próximos anos.
Além da carga temática, o evento ganhou importância por acontecer em território brasileiro, o que reforça a presença do país como palco de debates internacionais no campo jurídico. A cessão de espaço institucional para atividades permanentes do grupo sediador também foi anunciada, reforçando o compromisso local com o diálogo global. Essa articulação reafirma o papel da advocacia brasileira na arena internacional e amplia a projeção de Brasília e Rio de Janeiro como polos de intercâmbio jurídico.
Outro ponto relevante da cerimônia foi a presença do ministro-chefe da Controladoria-Geral da União, que tratou da integridade pública como vetor essencial do desenvolvimento sustentável. Sua fala destacou que transparência e sustentabilidade caminham juntas, e que os países devem articular modelos institucionais que dialoguem com padrões globais e respeitem especificidades locais. Esse enfoque evidencia que o evento transcende a advocacia estrita e posiciona o direito como componente central da governança global.
Há ainda o reconhecimento de que a advocacia não atua isoladamente: o encontro incluiu delegações de nações como China, Índia, Rússia, África do Sul, Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia e Irã, entre outros. Essa multiplicidade de atores fortalece o diálogo jurídico entre regiões e tradições diversas, o que amplia o escopo dos debates e os transforma em plataformas de transformação institucional.
Por fim, o encontro estabelece perspectivas de continuidade: ao reunir múltiplas frentes — ensino jurídico, tecnologia aplicada à justiça, descolonização de saberes jurídicos — ele sinaliza que a advocacia do século XXI assume papel de protagonista na definição de plataformas de cooperação internacional. A partir desse encontro, espera-se que os resultados não se limitem a declarações de intenções, mas se convertam em agendas práticas para integração regional, fortalecimento institucional e justiça mais inclusiva em escala global.
Autor: Liam Smith

